ATA DA DÉCIMA NONA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 27.08.1996.

 

Aos vinte e sete dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e noventa e seis reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha, a Câmara Municipal de Porto alegre. Ás quatorze horas e cinqüenta e dois minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão destinada à homenagear os cinqüenta e cinco anos de fundação do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações e Operadores de Mesas Telefônicas do Rio Grande do Sul - SINTTEL, de acordo com o Requerimento nº 118/96 (Processo nº 1645/96) de autoria do Vereador Pedro Ruas e aprovado pelo Plenário. Compuseram a Mesa: O Vereador Isaac Ainhorn, Presidente desta casa, o Senhor Jurandir Leite, Presidente do SINTTEL, o Capitão Sanfelice, Representante do Comando Geral da Brigada Militar, o Paulo de Tarso, representando o Senhor Prefeito Municipal. Logo após, o Senhor Presidente convidou todos a assistirem a execução do Hino Nacional. Em continuidade, concedeu a palavra aos Senhores Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Pedro Ruas, como proponente da homenagem e em nome das Bancadas do PPB, PTB, PFL, PPS, e PST, fez um breve histórico da criação do SINTTEL, salientando sua inportância para sociedade gaúcha e denunciando a forma inaceitável com que a Companhia Riograndense de Telecomunicações - CRT e o Governo do Estado vêm tratando os funcionários aposentados. O Vereador Gerson Almeida, em nome da Bancada do PMDB fez considerações a respeito da iniciativa do Vereador Pedro Ruas ao propor a presente homenagem, parabenizando-o e reportando-se ainda à importância dos trabalhadores da SINTTEL. O Vereador Raul Carrion sintetizou o histórico do SINTTEL criticando a entrega do Monopólio das telecomunicões a empresas privadas. O Vereador Milton Zuanazzi lembrou o período no qual presidiu a Companhia Riograndense de Telecomunicaões e as negociações que manteve com o SINTTEL elogiando a atuação deste Sindicato no combate aos privilégios dentro da CRT. O Vereador Airto Ferronato disse que os serviços prestados pela CRT são comparáveis aos do “primeiro mundo”, criticando as privatizações e salientando sua crença no trabalho realizado pelos servidores públicos o qual necessita ser aprimorado. Em prosseguimento o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Presidente do SINTTEL, Senhor Jurandir Leite, que agradeceu a presente homenagem, relembrando a história do SINTTEL, seus objetivos e suas lutas, condenando o entreguismo da Soberania Nacional feita pelos Governos Estadual e Federal. Às dezesseis horas e nove minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente agradeceu a presençade todos e declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene que se realizará logo após, às dezessete horas. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Isaac Ainhorn e secretariados pelo Vereador Pedro Ruas, como Secretário “ad hoc”. Do que eu Pedro Ruas, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que , após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secrtário e Presidente.              

      

             

              O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Nós temos a satisfação de dar por abertos os trabalhos da 19ª Sessão Solene da 4ª Sessão Legislativa Ordinária da XI Legislatura com o objetivo de homenagear os cinqüenta e cinco anos da fundação do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações e operadoras de Mesa Telefônica do Rio Grande do Sul, SINTTEL, a requerimento do nobre Ver. Pedro Ruas.

Gostaríamos de convidar o presidente do SINTTEL, Jurandir Leite, para integrar a Mesa. Igualmente, gostaríamos de convidar o Capitão Sanfelice, representando o comando-Geral da Brigada Militar.

Registramos a presença, neste Plenário, por ocasião desta Sessão Solene, dos Vereadores Airto Ferronato, Clovis Ilgenfritz, Raul Carrion, Pedro Ruas e Milton Zuanazzi.

Convido a todos para ouvirem a execução do Hino Nacional.

 

(É executado o Hino Nacional.)

 

Por ocasião desta Sessão Solene, em nome desta Casa, falando em nome da Mesa Diretora dos trabalhos e do Legislativo Municipal desta Cidade, concedemos inicialmente a palavra ao Ver. Pedro Ruas, proponente da homenagem, que falará em nome das Bancadas do PPB, PTB, PFL, PPS, e do PST. Pela Bancada do PDT falará o Ver. Milton Zuanazzi; pela Bancada do PT falará o Ver.Gerson Almeida; pela Bancada do PMDB, o Ver. Airto Ferronato; pelo PCdoB. o Ver. Raul Carrion.

Temos a honra, neste momento, de passar a palavra ao Ver. Pedro Ruas.

 

O SR. PEDRO RUAS: Saúdo os componentes da Mesa e demais presentes. Dirijo-me, em especial, aos integrantes da categoria dos profissionais Telefônicos do Estado do Rio Grande do Sul. Então conosco, também, outras entidades Sindicais, como o SENAP, na pessoa do Presidente Marcos, o conselheiro Sérgio Bittencourt, do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, os companheiros da AMEST, onde estivemos juntos na Associação dos acionistas minoritários.

Há muitos anos, em 1939, um grupo de telefônicos começou a organizar uma associação para defender seus interesses. Essa associação teve desdobramento natural na criação de um sindicato já em julho de 41, recebendo a Carta Sindical em novembro daquele ano, e que nós agora homenageamos, quando se comemora os 55 anos do SINTTEL. Rendemos nossas homenagens especiais àqueles pioneiros- homens e mulheres- que criaram, no final da década de 30, início da década de 40, inicialmente uma associação e depois um sindicato que fez história no Rio Grande do Sul. Eu faço o registro desta homenagem na pessoa do primeiro Presidente, Sr. Adílio, e na pessoa do Sr.. Alcides Guimarães, ex - Presidente, que estão hoje aqui, porque foram eles que tiveram a ousadia e a coragem de levar adiante uma idéia que, em princípio, parecia um sonho e que hoje, mais de meio século depois, temos orgulho, enquanto representantes do povo de Porto Alegre, de homenagear em Sessão Solene nesta Câmara Municipal.

Esses 55 anos do SINTTEL são uma verdadeira história de lutas e conquistas. O SINTTEL, há muitos anos, deixou de ser mais que uma mera entidade de classe, e isso é muito importante, porque representa e representou sempre os interesses mais legítimos da categoria profissional dos telefônicos. O SINTTEL marcou presença importante, aliás fundamental, nas lutas maiores do povo brasileiro, do povo do Rio Grande. Nesses cinqüenta e cinco anos, nós todos que, de uma forma ou outra, temos participação no momento social, orgulhamo-nos de ter entre nós um sindicato de povo, comprometido com os interesses maiores da classe trabalhadora, lutando bravamente pelos telefônicos, mas lutando também por questões maiores, mais abrangentes, institucionais e nacionais. Este é o SINTTEL, um Sindicato que, além do seu papel representativo dos telefônicos, em muitos momentos representou toda a nossa sociedade. Tive a honra, em especial nos últimos dois anos de conviver com os companheiros telefônicos, com a direção do SINTTEL, desde a luta contra a privatização da CRT, desde os debates pioneiros, no início deste ano sobre a Convenção 158, a Organização Internacional do Trabalho, as tribunas populares, de denúncias importantes que dizem respeito a toda nossa sociedade, vários e vários episódios. Estivemos juntos e presenciamos um episódio lamentável. A direção da CRT, numa manobra vil, inaceitável, conduziu, uma reunião que estava sendo encerrada, e chegou a ser encerrada, porque nem chegou a ter início, para levar adiante as propostas na continuidade da entrega do nosso patrimônio a outros interesses. É uma luta que continua, que terá desdobramento, como a luta importantíssima que o SINTTEL vem desenvolvendo na defesa dos aposentados demitidos. Em situações como essas os aposentados têm encontrado apoio sempre nas pessoas do Jurandir Leite, do Sérgio, do Itamer, do Leônidas, do César, do Amaral, da Drª. Dulce, do Ademir, do Roque, do Flávio, do Machado, na pessoa do Presidente da Associação, companheiro Bira, companheiro Valdir, companheira Sirlei, que representa os trabalhadores demitidos da CRT, e tantos outros companheiros que não estão aqui conosco e que já mencionei. Todos nós tivemos, com esses companheiros, contato permanente, aliás, com os Vereadores que aqui estão, como o  Mílton Zuanazzi, como o Gérson Almeida, como o Raul, pessoas com as quais nós convivemos e tivemos uma luta importante nesse período. Essa questão envergonha a todos nós. O momento de homenagem ao SINTTEL - tivemos uma luta permanente - é também o momento de denúncia: o Estado do Rio Grande do Sul - e neste momento falo a respeito da CRT, e isso é uma realidade mais geral e abrangente - tem tratado os trabalhadores aposentados de uma forma inaceitável, desumana, demitindo pessoas sem pagar minimamente os seus direitos consagrados no 55 anos, sem aviso prévio, não pagando férias proporcionais. nem fundo de garantia, deixando essas pessoas numa situação humilhante. Sentimo-nos constrangidos de ver os trabalhadores que criaram a grandeza da CRT e do Brasil sendo tratados como máquinas inúteis, que não têm mais papel a representar e que não têm merecido consideração. Fica aqui o nosso repúdio e protesto - sabemos da luta do SINTTEL e dos companheiros demitidos - contra essas arbitrariedades. Os companheiros aposentados terão de nós, sempre, a maior solidariedade e, mais do que isso, o nosso companheirismo nessa luta que é de todos. Esta luta não é e nunca foi apenas dos aposentados, porque a condição de aposentado é uma condição de orgulho, uma condição que deveria receber do Estado e da sociedade homenagens e não o que está acontecendo neste momento. Nós, se vivermos, seremos também aposentados e, por isso, a luta é de todos nós. O SINTTEL tem conseguido, na sua luta permanente, levar adiante reivindicações que são dos telefônicos, são dos aposentados da CRT. São os aposentados da CRT, é verdade, mas são também da nossa sociedade. Uma sociedade que não respeita quem ajudou a construí-la, quem a governou, quem a ensinou, não é uma sociedade de futuro. Por isso a nossa responsabilidade é  fazer esse tipo de denúncia, denúncia que faz, neste momento, a Direção da CRT, o Governo do Estado e de outros Estados numa realidade semelhante. Tanto quanto os 55 anos do SINTTEL merecem, hoje, esta homenagem, também a luta, que é do SINTTEL, merece o nosso registro. Nós temos que ter, em cada momento em que tivermos acesso a um jornal, a uma tribuna, a uma televisão, ao rádio, a um microfone qualquer, a coragem de fazer denúncia necessária do que está acontecendo: a discriminação de trabalhadores, a falta de respeito e a ação ilegal de quem não representa as tradições do povo gaúcho. O momento por que passam os trabalhadores em geral, e, em especial, os aposentados é muito difícil, mas sabemos que nosso papel de denunciar é e será cumprido. Por isso, Presidente Jurandir, tenho certeza de que o homenageado, SINTTEL, que nesses 55 anos honrou as tradições do nosso Estado, deve, também, fazer a denúncia, porque essa é a luta do SINTTEL de ontem, de hoje, de amanhã. Assim o SINTTEL marcou a sua trajetória. Por isso, nós nos aproximamos das suas lutas e combatemos juntos. É assim que, a cada ano que passa, mais e mais o SINTTEL se afirma, com conceito elevado, na sociedade gaúcha, no meio sindical, no meio popular, e merece, de Porto Alegre, esta homenagem, assim como o Estado e da sociedade. Meus parabéns. Muito obrigado.(Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença do Sr. Paulo de Tarso, assessor sindical, que representa o Sr. Prefeito Tarso Genro neste ato, e o convidamos a participar da Mesa.

Com a palavra o Ver. Gerson Almeida.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: (Saúda os componentes da Mesa.)Quero, em primeiro lugar, fazer um registro em relação à oportunidade que nos permitiu a iniciativa do Ver. Pedro Ruas, em requerer esta Sessão Solene para comemorar os 55 anos de fundação do nosso Sindicato dos Telefônicos, do qual sou filiado e do qual tive a satisfação e a honra de ser Presidente por duas gestões.

Quero parabenizar o Ver. Pedro Ruas por propor esta homenagem, porque sua iniciativa nos permite, pelo menos, um momento de discussão sobre a história desse Sindicato, desta entidade marcante na vida nacional.

Antes, quero fazer uma homenagem particular, a partir deles, representando todos os lutadores que há quase seis décadas têm construído a luta da categoria, na presença dos companheiros Firmo Bernardes e Alcides Guimarães, aqui presentes, que são fundadores do nosso Sindicato há 55 anos.

Comemorar o aniversário de um sindicato é sempre um gesto de duplo sentido: de um lado, o júbilo com que é reconhecido pela história e tradição de lutas, que uma categoria, junto com outras, construiu ao longo de várias décadas. Temos esse júbilo, porque o SINTTEL é um Sindicato que tem história, tem tradição e tem muitas lutas acumuladas no objetivo de melhores condições de vida, não só para os trabalhadores telefônicos, mas porque se insere no grande movimento do trabalho que busca se unificar para lutar contra as vicissitudes e mazelas a que os trabalhadores são condenados. É de júbilo, no entanto, é também um momento de reflexão quanto às incertezas a que a política neoliberal vigente e hegemônica, hoje, reserva aos trabalhadores. Até porque a história da luta dos telefônicos sempre esteve sintonizada com a situação política nacional e internacional. Não poderia ser diferente. O ano em que foi fundado o Sindicato, em 1939, foi um ano em que o mundo vivia uma incerteza muito grande, mal tinha saído de uma guerra e estava preparando-se para outra e, portanto, projetos de futuro, de humanidade estavam em disputa e dividindo quase em dois grandes blocos os corações e as mentes dos trabalhadores e pessoas da época. Não é à toa que um grupo de trabalhadores se organizou e teve a força necessária para articular uma entidade sindical, e tanto era uma idéia que vingou em solo fértil, que hoje estamos comemorando os seus 55 anos. Assim como a história de alguns telefônicos, também esteve articulada com as incertezas e as lutas nacionais, quando, sob o Governo do ex-Governador Leonel Brizola, foi liderada, a partir do Rio Grande do Sul, uma grande luta para discutir o futuro do setor de telecomunicações no nosso País, sucateado e colocado numa extrema dificuldade de operação, e aqui se vislumbrou na luta contra as empresas multinacionais, que dominavam e monopolizavam o setor de telecomunicações no nosso País, muito sintonizado com o sentimento da época de buscar construir um projeto de desenvolvimento autônomo nacional, que desse o mínimo de autonomia e independência para que o nosso próprio povo decidisse sobre que rumos tomar e como levar sua economia e as questões da qualidade de vida do nosso povo. Portanto, não é por acaso que  os trabalhadores de telecomunicações estão comprometidos com a sua situação atual do nosso País. Nossa luta não é uma luta dissociada das dificuldades que todo povo brasileiro vive, hoje, sob a égide de um regime que as políticas internacionais dominam. Vejam os senhores: dados da própria ONU anunciam que apenas 358 megabilionários deste planeta concentram renda igual a 40% da população do nosso mundo. Isso significa que 2, 3 bilhões de pessoas detêm renda igual a 358 megabilionários. Esse é o processo absurdo de extrema concentração de renda e de exclusão social que esta política tem acelerado. A história da humanidade jamais viu concentração de riqueza e de poder como a que nós temos hoje. Nem o Império Romano conseguiu concentrar tanto poder e riqueza. Pois vejam que é contra isso que a luta dos trabalhadores de telecomunicação, assim como dos trabalhadores de todos os setores e categorias, se coloca. E é por isso que os telefônicos têm vanguardiado, junto com todas as categorias, a luta pela preservação do patrimônio nacional durante conquistado e que não pode passar para mãos privadas por ser tão estratégico, não só para o desenvolvimento econômico de um País, mas um setor estratégico para a consolidação democrática de uma nação, que é o setor de telecomunicações, o único setor capaz de ligar, de norte a sul, de leste a oeste, do País. E se ele ficar em mãos erradas, em mãos privadas, por melhor intencionadas que sejam essas mãos, certamente estará sendo ferida de morte a democracia do País, porque os meios de transmissão das informações estarão nas mãos de um concorrente. Só o Estado é capaz de dar o trato de universalidade para questões como essas e, portanto, de garantir condições iguais, pelo menos em tese, porque nós sabemos que o Estado dominado pelas elites, hoje, não é um estado público sob controle público, é um estado privatizado. No entanto, de qualquer sorte ainda isso é menos nefasto do que o controle privado de setores estratégicos, repito, não apenas para a economia, mas para o aprofundamento do processo democrático da Nação. Quero dizer que, ao estarmos sintonizados com questões como essa, não tratamos apenas do interesse legítimo e necessário da categoria, que deve ser sempre percorrido. São cidadãos comprometidos, sintonizados com o seu tempo e com seu País; portanto, somos sujeitos na busca da construção de um projeto nacional que seja capaz de enfrentar a miséria, a segregação, a exclusão e de construir passo a passo um mundo melhor onde todos possamos olhar para o futuro e dizer que estamos construindo um mundo melhor, um país melhor. Temos orgulho disso e temos a segurança de que neste planeta viveremos, ainda, muito melhor do que até agora as políticas da elite, as políticas que concentram renda, as políticas que segregam a grande maioria, oferecem. São os trabalhadores os únicos capazes de oferecer um projeto mais generoso, mais utópico, capaz de construir felicidade não só para uns, mas para todos. Com certeza, mesmo que de forma singela, uma homenagem, um registro dos 55 anos de luta de uma categoria, é um momento de resistência, um momento que se inscreve na necessária trincheira de resistência a essa situação que tenta segregar e individualizar cada um como prisioneiro dos seus próprios particularismos. Nós temos é que fazer um movimento contrário, unificar, superar o individualismo e construir coletivamente um mundo onde haja lugar para todos nós. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Raul Carrion está com a palavra

 

                   O SR.RAUL CARRION ( Saúda os componentes da Mesa.) Prezados Vereadores, prezados amigos, prezados funcionários da CRT, dirigentes do SINTTEL, outras lideranças sindicais aqui nomeadas.

É uma grande satisfação para nós, em nome da Bancada do Partido Comunista do Brasil, saudar e estar presentes nesta oportuna homenagem que o nosso amigo, Ver. Pedro Ruas, nos viabiliza.

Saudar os 55 anos do SINTTEL, como já foi dito aqui - eu sintetizaria com a expressão usada no final do rápido histórico que o próprio SINTTEL preparou- é saudar um “Sindicato Cidadão”. Essa expressão, se bem compreendida, tem um grande significado que eu acho, é característica básica que nós aprendemos, atuando junto com o SINTTEL,. É um Sindicato que, além da luta da sua categoria, sempre esteve junto na luta maior do nosso povo: a luta maior em defesa da soberania nacional, em defesa das liberdades democráticas, em defesa do patrimônio público, em defesa, em suma, da nação brasileira, seja na caminhada das Diretas, na caminhada contra a reforma da constituição - que, na verdade, foi uma traição à Nação - , na luta em defesa do patrimônio público, e assim por diante.

Mas, plagiando Brecht, o grande poeta comunista alemão, me perdoem, nesses tempos duros, que eu não discorra mais sobre todas as glórias do SINTTEL e me detenha um pouco sobre as graves ameaças à nação brasileira, `a entrega do monopólio das telecomunicações e outros setores básicos do patrimônio nacional.

Em 1986, o jornalista Etevaldo Siqueira, hoje porta-voz descarado dos interesses privatistas, afirmava: o futuro das empresas de telecomunicações, com a EMBRATEL à frente, parece ser a privatização, cientificamente planejada e magistralmente executada. Desmoralizadas, as empresas do Sistema Telebrás serão leiloadas. O processo é muito semelhante a uma falência planejada para que não subsista alternativa, senão privatizar.

Desde então, seja pelo arrocho salarial, seja pelo aviltamento das tarifas, seja por uma política consciente de impedir os investimentos que o próprio Sistema Telebrás podia realizar, os serviçais dos grandes monopólios nacionais e internacionais procuraram tudo fazer para inviabilizar o sistema público de telecomunicações. Só a mobilização social, onde os telefônicos jogaram um grande papel, impediu que já em 88 fossem quebrados os monopólios do petróleo e das telecomunicações. Mas com a ofensiva neoliberal em todo o mundo - corporificada no Brasil  pelo governo “vende pátria” e corrupto de Collor de Mello - nova etapa se abriu nesse processo consciente de entrega das telecomunicações.

Em 1992, quando o “impeachment” de Collor se avizinhava, o então Ministro dos Transportes e Comunicações Afonso Camargo assinou, sigilosamente, com o Banco Mundial, um “memorando de entendimento” com cinco objetivos. Dos cinco, dois eram fundamentais: o aumento da participação privada no setor de telecomunicações e a privatização da Telebrás. Inclusive, nesse memorando, assumindo compromissos de mudar a Constituição de nossa pátria, que eles haviam jurado de respeitar.

Derrotados na chamada “Reforma da Constituição”, essa gente retomou a ofensiva com o governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso. O próprio Ministro Motta - “Motta, o falastrão”- afirmou há pouco: “Toda a telefonia será privatizada”.

Aqui, o serviçal de plantão do projeto neoliberal- o governo Antonio Britto - trabalha noite e dia para entregar a CRT. Por sinal, a primeira empresa telefônica encampada no Brasil, em 62, pelo Governador Brizola, antes, inclusive, que o código Brasileiro de Telecomunicações fosse aprovado pelo congresso Nacional. Aqui, a entrega da CRT só os ingênuos não percebem que não se trata sequer de privatização: trata-se, com todas as letras de “desnacionalização do patrimônio do povo rio-grandense”. Dos sete consórcios que se credenciaram, como a imprensa noticia, para a aquisição da CRT, sete são capitaneados por grupos estrangeiros: americanos, japoneses, franceses, coreanos, suecos, espanhóis e italianos. Os brasileiros entram como “testa - de - ferro”. Na verdade, na questão da privatização e da desnacionalização, o Brasil caminha na contramão da história e do mundo. Já tivemos as telecomunicações privadas em todo o Brasil, e todos sabem o caos, o atraso que eram as telecomunicações no Brasil. Na grande maioria dos países avançados, as telecomunicações são de empresas estatais. Onde não há monopólio estatal, o que existe são monopólios privados. Não existe - só os ingênuos acreditam - livre concorrência em nível das telecomunicações nas vésperas do terceiro milênio! A transformação da comunicação em mera mercadoria, como já foi dito, significa comprometer as liberdades e a soberania nacionais.

Os cinqüenta e cinco anos de um sindicato de lutas e comprometido com as lutas  nacionais e populares, como o SINTTEL, têm que ser saudados com grande alegria. A Bancada do PCdoB não só homenageia o SINTTEL no seu aniversário, mas também reafirma o seu compromisso em seguir nessa luta, ombro a ombro com os companheiros telefônicos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Sr. Milton Zuanazzi está com a palavra.

 

O SR. MILTON ZUANAZZI: (Saúda os componentes da Mesa.) Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o que acrescentar ao que já foi falado pelos Vereadores que me antecederam? Pensava, da minha bancada, que cabe a mim dar alguns testemunhos, porque, certamente, dos Vereadores desta Casa, tive a oportunidade de ter um nível de convivência bastante particular, de uma intimidade muito grande com o SINTTEL no período em que fui Presidente da CRT. Lembro-me, caro Jurandir, que chegamos lá no momento em que a auto - estima do nosso corpo funcional estava em fase bastante baixa e prejudicada. Lembro-me que os medos rodavam a cabeça dos funcionários. Lembro-me também dos salários achatados e vocês, do SINTTEL, haviam realizado duas greves e não tinham conseguido, tal a radicalização, da direção anterior, as vitórias que a categoria tanto desejava. Lembro-me também de um SINTTEL com posições claras na conjuntura do País e nos encaminhamentos que estavam sendo dados, já que ali era o início do Governo Collor de Mello. Lembro do SINTTEL que produzia documentos, materiais, questionando, aprofundando o debate, perguntando aos seus filiados e à sociedade em geral aonde iríamos com aquele projeto. Lembro-me, também, Senhoras e Senhores, que vínhamos há onze anos no Sistema Telebrás com uma tarifa completamente achatada e aviltada, fora da realidade de qualquer país do mundo, inclusive na América Latina. Com onze anos de tarifa achatada, o Sistema Telebrás vinha pedindo água, não se agüentando mais para manter os serviços com o mínimo de qualidade. A tarifa de cinco anos atrás, quando o SINTTEL fez 50 anos - e eu me recordo muito bem da festa dos 50 anos do SINTTEL- estava na casa de 0,35 centavos, uma tarifa básica mensal. Hoje, já está em 3,50 e parece que está subindo para sete, enquanto que em, nível internacional, nunca se operou abaixo de 8, 10, 12, 15 dólares. O Sistema Telebrás operava com 0,35centavos! Não há empresa que suporte. Eu costumava dizer naquela época: nem a “Zero Hora” sobreviveria vendendo jornal a 10 centavos. Vende a um real para sobreviver. Não há como sobreviver uma empresa, seja ela qual for, se ela vende os seus serviços abaixo do que eles custam. Mas os culpados são os funcionários, o corporativismo, os “elefantes - brancos “que se criaram. Encontrei, Srs. Vereadores, no SINTTEL e este é o primeiro grande depoimento que eu quero dar, a vontade de não haver privilégios dentro da CRT. Foi iniciativa da Direção do SINTTEL, junto a nós, que levantássemos os fins dos privilégios daqueles que, porventura, ocorressem. E assim, conduzimos aquele processo. E esse é o primeiro grande mérito de um sindicalismo combativo. Luta pela categoria, a visão positiva do corporativismo, mas a visão crítica daquilo que ele não está conduzindo, a própria empresa e uma empresa ainda mais de caráter público, como é o caso da CRT. Lembro-me, também, que, naquele momento, apesar das dificuldades financeiras de uma tarifa arrochada, apesar de um salário que nós tínhamos que recuperar, nós estávamos diante de duas opções muito claras e que estão diante de qualquer governante nos dias de hoje. Ou nós apostamos nos seres humanos, nas pessoas, na garra e na vontade de ver as pessoas trabalharem e crescerem junto com a sua empresa ou nós apostamos em outros valores, cujas pessoas são secundárias; pelo contrário, têm que ser costadas, demitidas, ter salários arrochados. Essas são as visões de administração pública que estão aí. E nós, na ocasião, optamos pela primeira. Em primeiro lugar estão os seres humanos. Assim, fizemos o segundo grande acordo com o SINTTEL: vamos fazer a recuperação salarial, vamos recuperar a produtividade da empresa e a qualidade da sua prestação de serviços. O resultado desse depoimento quero dar aqui desta tribuna: foi o mais fantástico possível. A CRT, em 1991, com essa tarifa arrochada, sem telefonia celular, sem rede de dados, arrecadava, brutos, 28 milhões de dólares. Hoje, a CRT está arrecadando 82 milhões de reais. É quase três vezes mais do que há cinco anos. Demitiu 1.800 funcionários, arrochou salários e ainda vende a imagem de que a empresa precisa ser vendida para melhorar a qualidade das telecomunicações no Estado do Rio Grande do Sul. É a mentira sobre a mentira. Às vezes fico pensando, refletindo. Só o velho Marx me socorre com a frase: “Nada do que é humano me surpreende. A vindita, o entreguismo é humano”. Nós podemos afirmar que está se fazendo com a CRT, com as comunicações, no Rio Grande e no Brasil, não só um equívoco administrativo, não só um erro de linha de orientação: é insanidade. A insanidade tem todos os limites, inclusive esse que fizeram com os aposentados que exerciam função dentro da empresa, conforme o Ver. Pedro Ruas aqui relatou. A insanidade atinge todas as dimensões das cabeças humanas. O Ver. Raul Carrion foi feliz: a insanidade atinge até as elites deste país que, diante de um filão, de uma riqueza como essa, de telecomunicações, acha que tem que chamar estrangeiros para vir compartilhar desse valor de dinheiro que vai entrar pelos fios cotidianamente nos seus bolsos. Isso tudo é uma insanidade. E nós estamos aqui a tentar, utilizando esse verbo, quem sabe protestando, quem sabe gritando, ainda conseguir esclarecer as mentes sãs do nosso povo para estancar esse processo.

Concluo dizendo que nessas oportunidades eu aprendi a conhecer a Direção do SINTTEL. Na época, o Jurandir não era o Presidente. Quem conhecia a Direção do SINTTEL dos últimos anos certamente conhecia as Direções do SINTTEL há cinqüenta e cinco anos. O Ver. Gerson Almeida aqui colocava que naquela época, em 1941 ou em 39, o mundo vivia um momento tão grave quanto o que vive hoje; eu sou daqueles que acham que todas as décadas, até a década de 70, foram décadas em que o ser humano estava na linha de frente das políticas que se queria implantar. Acho que agora, no final do século, estamos vivendo momentos mais graves do que os momentos de 47, porque o ser humano está sendo deixado de lado, está perdendo a sua importância enquanto centro das atenções das políticas a serem desenvolvidas em todos os setores. Não sei se nós, hoje, teríamos a coragem que tiveram os telefônicos em 1939; não sei se nós, hoje teríamos a vontade de continuar formando sindicatos, associações, entidades que pudessem trazer benefícios aos nossos filhos, ao nosso País, enfim, à humanidade; não sei se teríamos condições mínimas para enfrentar o mundo, porque estamos um pouco perdidos, atrapalhados. Sei que o SINTTEL, com essa busca, com essa história e fundando agora a Cooperativa dos Trabalhadores, está pensando no futuro e não está deixando os telefônicos abandonados pós-PDV, pós-eleições que estão ocorrendo.

A Bancada do PDT, esse Partido tão vinculado à luta dos telefônicos por vários episódios, deixa aqui a sua voz de resistência e o seu apoio ao SINTTEL. Parabéns. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Airto Ferronato.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Saúdo os componentes da Mesa. Eu acompanhei com toda atenção as exposições que aqui foram apresentadas e diria que à maior parte delas eu me filio tranqüilamente. Gostaria de começar dizendo que a CRT e os seus serviço de telecomunicações - conheço algumas capitais, inclusive, da América Latina - são serviços que se comparam com os de primeiro mundo. Isto graças à competência dos servidores da CRT que têm prestado serviços importantes à nossa sociedade. Eu tenho o privilégio de ter um relacionamento de amizade com um número bastante grande de servidores dessa nossa Empresa. Como a maioria dos que aqui se posicionaram, eu sou servidor público, acredito no serviço público e não vejo, na privatização, a salvação da pátria; pelo contrário, acredito que precisamos investir no serviço público, treinar o servidor público e, a partir dessa situação, teremos condições de contribuir significativamente com o progresso de nosso País. Acredito, também, que todos os nossos defeitos que temos como servidores, também há na iniciativa privada, são defeitos da nossa sociedade, exatamente. A democracia é o caminho para as modificações e mudança de que este País tanto necessita.

Li também, atentamente, a exposição assinada pela Sra. Sirlei Reis, do movimento dos demitidos da CRT. Como peemedebista que sou, tenho tranqüilidade para dizer que a situação deverá ser acertada com posições favoráveis a ambos os lados. Sei que nós, os servidores públicos, dirigidos por nossas entidades de classe, nossos sindicatos, estamos preparados e temos condições para uma luta incessante - difícil, sim - para alcançar as perspectivas e anseios que pretendemos.

Como servidor público há mais de 23 anos, como homem que sempre gostou de política, que teve a oportunidade de participar das direções de entidades, sindicatos, associações, sempre gostei, sempre participei, sempre procurei fazer minha parte. Como político que sou, tenho acompanhado atentamente os discursos, passei por “n” governos, e toda vez que estamos na oposição é extremamente fácil dizer, falar, resolver, salvar a pátria. Com discurso não se resolve problema algum. Nós, os servidores públicos, somos atentos, prestamos atenção àquilo que se diz.

Foi comentada aqui a nossa “entrega, salva - pátria, serviçal”. A famosa capitalização da CRT - não privatização da CRT - começou no Governo Collares. Talvez seja bem diferente, mas começou em governos anteriores. Equívocos, todos nós, governantes, políticos, estamos sujeitos a eles Precisamos é de uma oposição competente, que tenha a possibilidade de trazer à tona as denúncias. Através dessas denúncias, nós, oposição, situação, em nível federal, estadual e municipal, tentaremos trazer melhorias à nossa sociedade.

Parabéns ao SINTTEL. Temos em Porto Alegre um serviço de primeiro mundo graças à competência e à seriedade, boa vontade de todos os servidores públicos do Estado do Rio Grande do Sul. Um abraço a todos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos também a presença do Ver. Henrique Fontana. Passamos a palavra ao Presidente do SINTTEL, Sr. Jurandir Leite.

 

O SR. JURANDIR LEITE: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Em nome do SINTTEL, queremos agradecer ao Ver. Pedro Ruas pelo Requerimento que entrou nesta Casa solicitando esta Sessão Solene em homenagem ao SINTTEL, a esta Casa e a todas as Casas Legislativas do Rio Grande do Sul e do Brasil. Queremos agradecer porque é com elas que temos trabalhado ao longo desses anos, tanto em nível estadual como nacional, buscando não só os interesses dos telefônicos em particular, e corporativos, mas, sim, os interesses da sociedade gaúcha e brasileira para uma vida melhor para o nosso povo, e dela nós temos recebido todo apoio, e assim o fizemos ao longo dos anos. A nossa forma de encaminhamento e de luta é porque apostamos que em todas essas inventidas neoliberais e capitalistas, que existem pelo mundo afora, a democracia haverá de vencer um dia. É por isso que nós, telefônicos e dirigentes desse Sindicato, junto com  a sociedade brasileira, lutamos permanentemente por esse espaço, onde a grande mídia, que é o grande poder deste País, que bota e tira Presidente da República a hora que quer, nós haveremos de manter esses espaços abertos, apostando neles. E é por isso que num dia como hoje, que parece com pouca gente, nós estamos aqui discutindo, entre nós, a fundação de um Sindicato, e como diz no nosso material que distribuímos aqui, durante a Segunda Guerra, há cinqüenta e cinco anos, nasceu um guerreiro, nasceu um sindicato guerreiro, porque durante uma guerra, nos momentos mais difíceis, difíceis para a sociedade mundial, um grupo de trabalhadores se organizava para defender os seus interesses, e dali em diante, seguindo essa diretriz, o SINTTEL continua defendendo não só os interesses dos trabalhadores, mas os interesses da sociedade gaúcha e brasileira.

Também não poderíamos deixar de aproveitar esta oportunidade para colocar aqui, bem claro, o que já foi colocado por alguns Vereadores: recebemos denúncias e nós, como Sindicato e cidadãos, somos obrigados a ser defensores da sociedade gaúcha, da sociedade brasileira, e cabe a nós instituir uma certa estabilidade dentro do Sindicato. Não é por isso que estamos lá, mas a lei nos garante colocar aos Legislativos de todo este País as denúncias, as truculências, os arbítrios, o desrespeito à lei, o desrespeito à cidadania, e isso nós vamos fazer durante a nossa existência, como faz o nosso companheiro Bira, aposentado, que é um dos coordenadores da cooperativa e ampara trabalhadores desempregados da CRT, inicialmente, e, posteriormente, da sociedade gaúcha. Isto é uma atribuição do sindicato, do sindicato que se diz cidadão e nós sofremos todos esses ataques dessa onda neoliberal, em nome da modernidade, da globalização da economia, em nome da qualidade total. Eles tiram aquilo que foi falado aqui, deixam de lado principalmente a pessoa humana. O que interessa é o dinheiro, é o lucro, o resultado de uma qualidade total, de uma produtividade ou de uma participação dos lucros. A pessoa está jogada a um segundo plano. Criaram-se as fundações, os fundos de pensões  como argumento de amparo aos trabalhadores, numa aposentadoria tranqüila e mais digna. Hoje os fundos de pensões estão sendo distribuídos por aqueles que criaram esses fundos de pensões simplesmente para obter capital de giro para suas empresas e para o governo. Assim foi com a saúde, que está destruída neste País, e cria-se a saúde privada, através de convênios de Unimed, de Golden Cross, e só tem direito a isso quem pode pagar. Isso nós não podemos deixar passar em brancas nuvens, num momento em que se homenageia numa Sessão Solene, um sindicato que se diz cidadão. O que será dos homens e o que será da sociedade? Desmantelam o Estado, entregam nosso subsolo, energia, as nossas comunicações, o petróleo, a Amazônia, a nossa soberania nacional. O pior de tudo, como levantou o Sr. Raul Carrion: entregam para as empresas estatais do primeiro mundo e esses governos nacional e federal, entreguistas, são servis e jogam todo o nosso povo novamente à condição de colônia, com a entrega desses serviços essenciais. Como diz um velho ditado “não há mal que sempre dure”: nós, do SINTTEL e todos os trabalhadores telefônicos, com a sociedade brasileira, vamos pegar juntos nessa cruzada nacional em defesa da soberania, do patrimônio público e do serviço público, como levantou o Ver. Airto Ferronato. E aqueles que pensam que os sindicatos “já eram”, que não precisamos de sindicatos, com a globalização, estão muito enganados. Mais do que nunca, o povo e os trabalhadores precisam se organizar para combater a exploração e a precarização do trabalho, não só no Brasil, mas também no mundo. Aqui, o SINTTEL arranca na frente também; arranca na frente, não por querer destaque em níveis estadual, nacional ou internacional: arranca na frente na proteção da pessoa humana, abrindo uma cooperativa para proteger e abrir campo de trabalho para os trabalhadores que estão sendo demitidos pelos entreguistas deste País. Nós estamos, no Sindicato, abrindo postos de trabalho e garantindo uma renda mínima. É isso o que queremos para a sobrevivência do povo brasileiro. Presidente Isaac Ainhorn, Paulo de Tarso, Capitão Sanfelice e todos os Vereadores aqui presentes, nós, os trabalhadores em telecomunicações, que representamos todas as empresas de telecomunicações do Estado do Rio Grande do Sul, estamos muito gratos - e ao Ver. Pedro Ruas, por abrir esta Sessão Solene em homenagem ao Sindicato - , porque esta homenagem não é ao SINTTEL, mas a todos os trabalhadores do Rio Grande do Sul. O SINTTEL é uma célula da cruzada nacional que nós vamos levantar no Rio Grande do Sul. Nós estivemos no Congresso Nacional esta semana, levando as nossas propostas. O nosso Sindicato não apenas faz críticas, mas apresenta alternativas e propostas concretas para a sociedade e para o povo brasileiro. E a nossa célula, o nosso núcleo de resistência do Rio Grande do Sul vai levantar, de novo, uma bandeira, como levantou contra o Governo Collares, quando vencemos a batalha. Aqueles que pensam que a CRT está entregue aos consórcios internacionais, aos vendilhões da pátria nacional e ao quarto poder no Rio Grande do Sul - a RBS - estão muito enganados. Vão ter que passar por cima de nós, por cima desse Sindicato.

E hoje vamos para a Assembléia Legislativa fazer o que estamos fazendo aqui. E amanhã vai estar em todos os jornais. Mandamos cópias para todos os partidos que integram todas as prefeituras no Estado. As denúncias das irregularidades que este Governo do Estado está cometendo na CRT, estamos levando para que a sociedade saiba o prejuízo que está tendo com um Governo que não respeita a lei e que atropela em nome do neoliberalismo.

Em defesa da sociedade, em defesa do patrimônio do povo, em defesa de todos os trabalhadores do País, agradecemos do fundo do coração a esta Câmara, a este grupo de Vereadores, que, independente de partidos, sempre estiveram ao lado da dignidade do povo gaúcho.

Obrigado em nome do SINTTEL, em nome dos trabalhadores da CRT. Obrigado em nome dos trabalhadores do Rio Grande do Sul e do Brasil. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de encerrar esta Sessão Solene, gostaria de registrar a importância de comemorar os 55 anos de Fundação do Sindicato dos Telefônicos, suas lutas, sua trajetória, que foi marcada de forma clara, marcante, pela manifestação dos Vereadores desta Casa, e que concluiu com a manifestação forte, vigorosa e contundente do Presidente do SINTTEL.

Gostaríamos de dizer aos senhores, a todos que se fazem presentes, que, há três dias, nós prestávamos uma homenagem pela passagem do aniversário do suicídio do Presidente Vargas em 1954. Naquela oportunidade, ao invés de fazermos manifestações de discursos - o que também seria extremamente válido, porque é através do verbo e da palavra que nos manifestamos - , naquela oportunidade fizemos uma reflexão, e eu, que me encontrava presente, fazia uma leitura da Carta Testamento do Presidente Getúlio Vargas. Lendo aquela carta, observam-se apenas, em novas roupagens, em novas vestimentas, todos os problemas, todas as manobras e todas as articulações que hoje vivemos o que, por igual, se encontram profundamente atuais naquela Carta Testamento do Presidente Getúlio Vargas.

Refiro isso pela importância do pronunciamento dos Srs. Vereadores desta Casa, pela importância do pronunciamento feito pelo Presidente do Sindicato dos Telefônicos. Por isso, esta Casa não poderia estar alheia a todos esses fatos que estão acontecendo. Por tudo isso aprovamos e realizamos esta Sessão Solene de reconhecimento ao trabalho e à seriedade desse Sindicato cidadão. Muito obrigado a todos.

 

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h09min.)

 

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